quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A ETERNIDADE


"Não tenhas pena de ser mortal e de não conheceres a eternidade. Porque a eternidade está em ti, no momento incrível de te desprenderes do teu corpo, da sua miséria e estrume e te pensares a ti mesmo e te sentires ser. Ou quando uma imagem de outrora, luminosa, ténue, se abre ao teu imaginar. Ou quando, fulminante, uma obra de arte. Ou quando, violento intenso instantâneo, o todo de uma mulher. Ou quando pela manhã a terra espera em silêncio que o dia vá começar. Ou quando. A eternidade mora em nós e na vida. Deixa apenas que ela se diga e te habite. (...)". (155)

Pensar, Vergílio Ferreira

Depois de ler este excerto pensei como andamos distraídos, sem ver a eternidade que habita a nossa vida quotidiana. Maior atenção às pequenas coisas implica um maior acolhimento do ser que a nós se revela na sua apresentação gratuita, uma oferta que não depende de nós para ser o que é, mas que depende de nós para ser percebida.
Muito é, ainda, o caminho a percorrer para aprendermos esta atitude de abertura face ao outro, seja ele quem e o que for, seja ele a própria vida.